ECONOMIA
Veja quais países lideram a venda e a compra de arroz do Brasil
Por G1
Com a disparada do preço do arroz no Brasil, o governo federal resolveu
facilitar a entrada do grão zerando a tarifa de importação do alimento para países de fora do
Mercosul. Neste ano, a inflação do produto já subiu 19,25%.
A medida, segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deve facilitar o ingresso do alimento no país, especialmente dos Estados
Unidos e da Tailândia.
Com a derrubada da Tarifa Externa Comum (TEC) para a aquisição de até
400 mil toneladas de arroz fora do Mercosul, a expectativa de especialistas é de que a disparada seja freada.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
prevê que os preços do arroz devem começar a cair “nas próximas semanas”.
O Brasil consome, por ano, cerca de 10,8 milhões de toneladas, segundo a
Conab. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o país vendeu ao exterior
1,15 milhão de toneladas do grão (81,5% a mais que no mesmo período do ano
passado).
Do outro lado, as importações somaram 417,4 mil toneladas de janeiro a
agosto, queda de 17,2% na comparação com 2019. Segundo a Associação da
Indústria do Arroz (Abiarroz), a alta do dólar desestimulou a aquisição do alimento no exterior.
O trio sul-americano (Paraguai, Uruguai e Argentina) lidera com folga o
fornecimento de arroz para o Brasil. Os três países do Mercosul,
que já possuem tarifa zerada para a venda do alimento, exportaram 99% do grão que chegou ao mercado brasileiro.
Itália e Vietnã, somados, forneceram um pouco mais do que 3,5 mil
toneladas.
Exportação
A exportação aquecida de arroz foi um dos motivos para que o preço do alimento disparasse no mercado brasileiro.
Segundo dados do Ministério da Economia, as vendas do produto ao exterior
subiram 81,5%, entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo
período de 2019.
Entre os 10 países que mais compraram o arroz brasileiro, estão vizinhos
e nações da América Central, Europa e África.
Os
venezuelanos compraram 22% do arroz vendido pelo Brasil, 246,4 mil
toneladas de um total de 1,15 milhão de toneladas exportadas pelos produtores
brasileiros. As negociações renderam mais de US$ 83 milhões.
A Venezuela, que também foi o principal destino do alimento em 2019,
aumentou em 32% suas aquisições em volume e em 45,9% em faturamento, de um ano
para o outro.
A valorização do dólar frente ao real foi um dos principais motivos de o
Brasil acelerar as vendas de arroz. Outro fator é que o país é um fornecedor de
alimentos confiável, que não parou durante a pandemia.
“O Brasil foi o único grande produtor agropecuário que conseguiu
abastecer o mundo sem problemas durante a pandemia. Diversos grandes players
não conseguiram abastecer o mercado internacional, o Brasil sim”, explica
o economista Felippe Serigati.
Alta do arroz
A pandemia e as exportações fizeram com que o preço arroz subisse muito
nos últimos tempos. O primeiro movimento de grande procura ocorreu no início do
período de isolamento social, quando a busca nos supermercados por alimentos
básicos para serem estocados disparou.
Com isso, a indústria viu a necessidade de ir às compras, e os
agricultores seguraram a venda do produto, enxergando aí uma oportunidade de
valorizar o alimento, que vinha perdendo valor nos últimos anos.
O auxílio emergencial foi outro fator importante,
porque garantiu poder de compra a grande massa de brasileiros. O programa
social lançado durante a pandemia do novo coronavírus já beneficiou 67,2
milhões de pessoas, cerca de um terço da população do país.
ECONOMIA
Samarco entra com pedido de recuperação judicial
A Vale informou nesta sexta-feira, 9, que a Samarco Mineração, sua joint venture em conjunto com a BHP Billiton Brasil, ajuizou um pedido de recuperação judicial (RJ) em uma das Varas Empresariais da Comarca de Belo Horizonte (MG), com fundamento na Lei de Recuperação Judicial e Extrajudicial e de Falências (LRF).
Segundo a empresa, o ajuizamento da RJ foi necessário para evitar que ações já iniciadas como ações de execução de notas promissórias no Brasil, no valor de US$ 325 milhões, e ações movidas pelos detentores dos títulos de dívida com vencimento em 2022, 2023 e 2024 (bonds) em Nova York, afetem a capacidade da Samarco de produzir, embarcar, receber por suas exportações e financiar o curso normal de suas atividades, e também de cumprir com as obrigações do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), e consequentemente, de gerar resultados sustentáveis para todos os demais stakeholders envolvidos.
“O pedido de RJ formulado pela Samarco tem o objetivo de preservar sua recente retomada operacional, os empregos e o cumprimento de suas obrigações socioambientais. A RJ traz um ambiente organizado de proteção ao patrimônio e aos ativos da Samarco e de reestruturação do elevado nível de endividamento na sua estrutura de capital”, afirma a Vale.
Reparação
De acordo com a Vale, o pedido de RJ não impactará o cumprimento dos compromissos de reparação assumidos em função do rompimento da barragem de Fundão. A Fundação Renova é responsável pela execução dos programas de reparação dos impactos socioambientais e socioeconômicos e, até fevereiro de 2021, pagou indenizações e auxílios emergenciais para cerca de 325 mil pessoas.
Desde 2015, R$ 12,2 bilhões foram investidos em iniciativas de reparação e compensação das partes impactadas. Para 2021, espera-se que os programas e ações da Renova atinjam R$ 5,9 bilhões.
O processo tem o objetivo de reestruturar o passivo da Samarco, com as proteções concedidas pela LRF. Com o deferimento do processamento da RJ, todas as ações e execuções movidas por seus credores no Brasil serão temporariamente suspensas, por 180 dias, tendo a Samarco até 60 dias para apresentar o plano de reestruturação de suas dívidas e demais obrigações. Além disso, a Samarco pedirá o reconhecimento do processo de RJ nos Estados Unidos por meio do Chapter 15 do Código de Falências dos Estados Unidos.
A Samarco terá automaticamente o benefício da suspensão de todas as ações judiciais contra ela e seus ativos nos Estados Unidos. Na RJ, a Samarco apresentará um plano de recuperação judicial que pretenderá restabelecer o equilíbrio econômico para apreciação da assembleia de credores, financeiro e honrar os compromissos assumidos com seus diversos stakeholders, de modo a permitir, ao mesmo tempo, à Samarco cumprir suas obrigações socioambientais e, em um futuro próximo, retomar uma trajetória de crescimento sustentável.
A Vale informa que o processo será concluído uma vez que o plano de recuperação judicial seja aprovado, observando-se a maioria dos credores legalmente estabelecida pela LRF.
Dívida financeira
Segundo o fato relevante, grande parte da dívida financeira da Samarco com partes não relacionadas, de cerca de US$ 4,7 bilhões, sem qualquer tipo de garantia dos acionistas, foi contraída anteriormente ao rompimento da barragem do Fundão em novembro de 2015. Até agosto de 2016, a Samarco buscou honrar seus compromissos e realizou pagamentos regulares aos credores.
A Samarco também possui dívida financeira adquirida para fazer face às necessidades de caixa para sustentar seu capital de giro, obrigações da Renova, trabalhos de reparo e investimentos para a retomada operacional, sendo supridas, após agosto de 2016, por linhas de crédito disponibilizadas pelos seus acionistas Vale e BHP Brasil, totalizando US$ 4,1 bilhões até março de 2021.
“Logo após o rompimento da barragem de Fundão, a Samarco buscou uma negociação amigável com seus credores para a reestruturação da dívida contraída por meio de Bonds e Contratos de Pré-pagamento de Exportação (PPEs), e que foi em grande parte sendo adquirida dos credores originais por instituições que exploram o mercado de ativos estressados”, afirma a empresa.